Vá de bike: a saúde, a economia e o planeta agradecem
Rafael Luciano de Mello
Estamos cada vez mais acostumados a ouvir e ler sobre o impacto que as atitudes tomadas no presente terão sobre o futuro do planeta e, consequentemente, no nosso futuro. Palavras como sustentabilidade e cidades inteligentes estão diariamente nos noticiários e no foco da ciência. Não é para menos, afinal estamos diante de condições climáticas nunca vistas – ou bastante inusitadas – como períodos longos de estiagem, ondas intensas de calor e queimadas avassaladoras. Neste cenário é importante repensarmos nossas atitudes para continuamos a usufruir do planeta ou ele desistirá de nós.
As Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam diversas ações capazes de reverter este quadro catastrófico ou de, pelo menos, minimizar os danos causados. Dentre elas destaca-se a mobilidade nas cidades. Ou seja, a maneira como nos locomovemos no dia a dia tem o poder de afetar diferentes esferas da vida que perpassam pela saúde, economia e pelas mudanças climáticas. Nesse sentido, a bicicleta ganhou um papel fundamental pois, junto da caminhada, é o principal modal ativo (não motorizado) e pode ter um impacto substancial no desenvolvimento sustentável.
Mas como a simples locomoção de bike pode auxiliar tanto? De maneira breve podemos dizer que, em primeiro lugar, praticar ciclismo regularmente (assim como outras atividades físicas) promove saúde, previne doenças e reduz em até 30% a mortalidade, de forma geral. Além disso, a prática insuficiente de atividade física gera altos custos (cerca de 53,8 bilhões de dólares em 2013) aos sistemas de saúde do mundo;
Outro ponto é que as bikes geram empregos e renda. E o melhor, empregos verdes! O relatório da ONU/OMS de 2016 apontou que 435 mil novos postos de trabalho poderiam ter sido gerados se as 56 grandes cidades da Europa utilizassem as bicicletas na mesma proporção de Copenhague, na Dinamarca – uma das cidades com maior prevalência de uso. E mais ciclistas nas ruas são sinônimo de menos veículos motorizados transitando e emitindo seus poluentes. Além de reduzir a exposição aos acidentes de trânsito.
Pois é, parece inofensivo, mas pequenos gestos como a adoção da bike como meio de transporte proporcionam grandes mudanças. Obviamente que ter vontade e disposição são fatores fundamentais, assim como as cidades possuírem uma infraestrutura adequada com ciclo faixas, redutores de velocidade, implementação de vias calmas (30-40 km/h) e locais para estacionar as bicicletas.
De nada adiantará as informações apresentadas nesse texto e a vontade das pessoas em mudar o hábito se as cidades não estiverem adaptadas e investirem em uma educação no trânsito que inclua essa modalidade. Portanto, os gestores públicos devem fazer sua parte para que esse modal seja difundido e permita que os cidadãos se locomovam com segurança. E quem puder que vá de bike! A saúde, a economia e o planeta agradecem.
(*) Rafael Luciano de Mello, mestre em Atividade Física e Saúde, é professor de Linguagens Cultural e Corporal nos cursos de Licenciatura e de Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter