Mortes de gestantes por Covid no Paraná crescem 463% em 2021
Por Bem Paraná
O Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr) divulgou dados preocupantes sobre o SARS-CoV-2 em seu relatório do fim da semana que passou. Desde o início da pandemia do novo coronavírus, um total de 126 gestantes e puérperas foram mortas pela Covid-19 no Paraná, sendo que só em 2021 já foram contabilizados 107 falecimentos, o que aponta para uma alta de 463% na comparação com o ano anterior, quando foram registrados 19 óbitos maternos.
Os números, informa ainda o OOBr, foram extraídos do SIVEP-Gripe, disponibilizado pelo Ministério da Saúde no site https://opendatasus.saude.gov.br/dataset, com a última atualização tendo sido feita no dia 3 de novembro, a última quarta-feira.
O aumento no número de óbitos vem na esteira também de um contingente maior de infectados. Em 2020, foram registrados 286 casos de Covid-19 entre gestantes e puérperas. Em 2021, 900 diagnósticos, ou seja, uma variação de +215%.
Ainda assim, porém, o aumento no quantitativo de óbitos foi significativamente maior em 2021 (+463%) do que o aumento no número de infecções (+215%) entre o grupo analisado. E dois outros dados podem ajudar a explicar essa situação.
A primeira delas é o aumento na letalidade da doença. Em 2020, 6,64% dos casos graves de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre gestantes e puérperas resultou em morte. Já em 2021, a taxa de letalidade subiu para 11,89%, ou seja, praticamente dobrou.
Além disso, há também, ao que tudo indica, uma questão relacionada ao acesso no atendimento médico. No ano passado, por exemplo, apenas três das 19 vítimas da doença pandêmica (16% do total) no Paraná não tiveram acesso a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), enquanto 4 (21%) não tiveram acesso à ventilação mecânica.
Já neste ano, quando foram registrados os momentos mais graves e críticos da crise sanitária, 18 gestantes e puérperas (o equivalente a 16,8% dos falecimentos nesse grupo) não tiveram acesso a cuidados intensivos, enquanto 32 (29,9%) não foram intubadas.
Casos entre bebês mais que dobram e mortes mais que triplicam
Os primeiros 1000 dias de vida da criança é o período compreendido entre a concepção até os dois primeiros anos de vida (270 dias de gestação e 730 dias de vida da criança). Este é o intervalo de ouro que determina todo o futuro da criança no âmbito biológico (crescimento e desenvolvimento), intelectual e social. Este termo decorre de uma série de estudos publicados na revista de medicina inglesa Lancet, entre 2008 e 2013, que analisou os primeiros mil dias do ciclo de vida, demonstrando que o cuidado se inicia com a mãe durante a gravidez. A falta de políticas públicas de saúde comprometidas com a saúde integral da gestante e da criança desencadeia consequências irreparáveis que impactam diretamente na mortalidade infantil nesta faixa etária.
Desde o início da pandemia, são 465 casos de Covid-19 confirmados em crianças de até dois anos, sendo que em 2020 foram registrados 150 diagnósticos e em 2021, 315. Já o número de óbitos total é de 18, com um aumento ainda mais significativo neste ano: 14 falecimentos em 2021 ante quatro registros em 2020.
Dos bebês que morram pela doença pandêmica nessa faixa etária, dois (11% do total) não tiveram acesso à cuidados intensivos (uma UTI, basicamente) e cinco (28%) não passaram por intubação, recursos importantes nessas situações, informa o Observatório.