Poliniza Paraná
Marcio Nunes
Em meados de 2019, recebi uma carta assinada enviada pela menina Eduarda Letícia Fraga da Silva, do município de São João. Assinada por ela e todos os colegas de sua turma do 3º ano na Escola Municipal Castro Alves, a correspondência pedia atenção às abelhas, por serem fundamentais à natureza graças à sua função polinizadora.
Daí surgiu a ideia de criar um programa que tratasse do cuidado às abelhas e incentivasse sua reprodução no Paraná.
Passados pouco mais de dois anos, com orgulho lançamos na última semana, juntamente com o governador Ratinho Junior, o programa Poliniza Paraná – que prevê a instalação de colmeias de abelhas nativas sem ferrão nos parques urbanos que a Sedest e o IAT estão criando por todo o Estado. A primeira experiência foi em Curitiba, onde a prefeitura já desenvolve projeto semelhante. Mas futuramente serão implantadas em todos os Parques Urbanos que já estão conveniados e serão entregues em breve – os primeiros são em Santa Cruz do Monte Castelo, Quatiguá, Andirá, Cornélio Procópio, Querência do Norte, Marquinho, Santo Antônio do Sudoeste, Assai, Moreira Sales, Flor da Serra do Sul, Cambará, Santo Antônio da Platina, Sapopema, Santa Cecília do Pavão, Califórnia, Cianorte e Arapongas.
Além de criar um ambiente favorável para a manutenção das abelhas em nosso ecossistema, o Poliniza também é uma grande ferramenta de educação ambiental, mostrando a importância e os benefícios dos serviços ecológicos prestados pelos insetos, além de reintroduzir polinizadores nativos em seus locais de origem – pois muitos se encontram ameaçados de extinção.
A abelha tem uma função muito importante na natureza. Como um peixe não sobrevive num rio poluído, a abelha também não sobrevive num ar poluído –então onde tem abelha, tem saúde e qualidade de vida. É um termômetro para medir o ambiente que estamos vivendo.
Para se ter uma noção da relevância do projeto, as abelhas nativas sem ferrão são responsáveis pela polinização de cerca de 90% das plantas brasileiras. E mais de 80% das árvores tropicais necessitam de polinização cruzada para sobreviver. Além disso, elas auxiliam na produção de cerca de 90% dos alimentos no mundo e são de extrema importância para agricultura mundial, pois são responsáveis por polinizar cerca de 70% das plantas agrícolas.
Das 420 espécies de abelhas sem ferrão do mundo, 300 vivem no Brasil, e aproximadamente 38 no Paraná. Cerca de 100 espécies de meliponíneos que ocorrem no Brasil se encontram em risco de extinção, e isso se deve ao desmatamento, à poluição e às mudanças climáticas.
Assim, a reintrodução de abelhas nativas nos espaços verdes das cidades é uma ação muito interessante e eficiente para a manutenção e promoção da biodiversidade em nosso estado.
O Poliniza Paraná também é um dos meios de se alcançar as metas definidas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU).
Por tudo isso, eu gostaria de dedicar esta coluna, assim como o projeto Poliniza Paraná, à menina Eduarda e a todos os seus colegas de turma.
Marcio Nunes é secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná