Número de jovens com menos de 18 anos que tiraram título de eleitor cai drasticamente no Paraná

Por Bem Paraná

Levantamento feito pela reportagem do Bem Paraná com base em dados oficiais da Justiça Eleitoral revela que o alistamento de jovens de 16 e 17 anos despencou no Estado nos últimos quatro anos. Em janeiro de 2018, ano da última eleição geral no País, o Paraná tinha 82.028 eleitores paranaenses com menos de 18 anos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em janeiro de 2022, esse número caiu para 35.548, uma queda vertiginosa de 56,66%. Os dados sugerem um aumento da rejeição entre os jovens à política tradicional e ao processo eleitoral.

A possibilidade para que jovens de 16 a 18 anos possam participar das eleições foi estabelecida na Constituição de 1988, em um contexto de redemocratização após a ditadura militar. Após o impeachment do presidente Fernando Collor, a participação de jovens em cartórios eleitorais entrou em queda, indo de 3,2 milhões para 2,1 milhões entre 1992 e 1994.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná tem hoje um total de 310.569 jovens com 16 ou 17 anos de idade Isso significa que, em janeiro último, 11,45% dos jovens nessa faixa etária já haviam tirado o título de eleitor/se cadastrado no TRE.

No Brasil, são 730.693 eleitores com 16 ou 17 anos, com eles respondendo por 0,5% do eleitorado brasileiro (147,15 milhões de pessoas, dados de janeiro). Na população brasileira, são 6,18 milhões de jovens nessa faixa etária. Do total de jovens que podem votar, portanto, 11,8% já estão aptos ao voto.

Os jovens de 16 e 17 anos representam hoje apenas 0,44% do eleitorado paranaense. Esses jovens chegaram a representar 1,35% do eleitorado em maio de 2018.

Representatividade
Para o professor de ciência política da Universidade Federal do Paraná, Emerson Urizzi Cervi, esses números têm que ser analisados com cuidado, já que o processo de recadastramento avançou nos municípios do Paraná nesses 4 anos e atualizou as listas de eleitores. Esse processo pode explicar parte da queda no número de eleitores jovens alistados. Independente disso, ele explica, o porcentual de eleitores com registro não obrigatório no País sempre foi baixo. “Representa menos de 1%. Com isso, qualquer variação – para mais e para menos – é muito representativa”, afirma ele. “O Paraná tem mais de 7 milhões de eleitores, diminuíram 40 mil entre 16 e 17 anos. Para essa faixa é importante, mas para o geral, quase insignificante”, aponta.

De qualquer forma, a falta de engajamento dos jovens no processo eleitoral reflete, segundo Cervi, o desencanto da população em geral com a política tradicional. “Do ponto de vista do eleitor, se a queda não foi administrativa (recadastramento) é mais um indicador do descontentamento da sociedade com a política institucional”, avalia o professor. “A constante campanha contra política provoca o afastamento voluntário do cidadão comum, que passa a se registrar como eleitor apenas quando obrigado”, diz ele.