A alteridade é inata ao indivíduo
André Naves (*)
Como mais um dos efeitos da predação descontrolada do patrimônio natural feita pela humanidade, o litoral norte de São Paulo foi atingido por fortes tempestades, que causaram caos, inundações e deslizamentos de terra, deixando muitas pessoas desabrigadas e afetadas. Descontando-se a ganância de alguns poucos oportunistas, que, como abutres, buscam se refestelar nos dramas alheios, essa tragédia ressaltou o lado mais humano das pessoas, que se mobilizaram para ajudar os afetados, demonstrando que a inclusão é uma característica intrínseca da pessoa humana.
Em momentos de necessidade, como esse, é evidente que as pessoas se unem para ajudar uns aos outros, independentemente de suas diferenças políticas, ideológicas ou culturais. Essa atitude inclusiva é fundamental para a construção de uma sociedade justa e sustentável, baseada na solidariedade e na alteridade. Infelizmente, em muitas ocasiões, a sociedade é fragmentada por polarizações ideológicas, políticas e preconceitos de todos os tipos. Isso faz com que as pessoas se afastem umas das outras, criando barreiras que impedem o desenvolvimento de uma sociedade inclusiva e justa.
Por isso, é essencial valorizar a inclusividade inata da pessoa humana, buscando construir estruturas sociais que reflitam essa característica. Devemos promover a educação e a sensibilização para a empatia e a solidariedade, para que as pessoas possam compreender a importância da ajuda mútua e da inclusão. Além disso, é necessário que os governos e as organizações da sociedade civil trabalhem juntos para criar políticas e programas que promovam a inclusão e a justiça social. Isso pode ser feito por meio de medidas como a promoção do acesso a serviços básicos, como saúde, educação e habitação, bem como a facilitação da criação de oportunidades econômicas para todos.
Em suma, a tragédia no litoral norte de São Paulo nos lembrou da importância da inclusão e da solidariedade em momentos de necessidade. Devemos valorizar essa característica intrínseca da pessoa humana e trabalhar juntos para construir uma sociedade justa e sustentável, baseada na alteridade, na solidariedade e na inclusão.
*André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.