Produtores integrados à Avenorte protestam neste sábado por melhores preços

Cerca de 130 avicultores integrados à Avenorte promovem neste sábado, 25, a partir das 10 horas, um protesto contra o preço pago pela produção de mais de 16 mil toneladas de carne de frango que abastecem o frigorífico da empresa. Os produtores reclamam que os valores praticados pela Avenorte estão defasados há três anos, e atualmente mal cobrem os custos de produção dos cerca de 350 aviários que estes avicultores administram.

O protesto é organizado pela Comissão para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadec) e Associação dos Avicultores de Cianorte (Aavic), com o apoio do Sindicato Rural de Cianorte. A manifestação tem concentração marcada para as 9 horas em frente à sede do SindRural (Avenida Arthur Tomas, 358) de onde sairá em carreata pelas principais avenidas de Cianorte por volta das 10 horas. O fim da carreata acontece em frente à planta industrial da Avenorte, de onde será dispersa.

Ponto principal do protesto, o preço pago pelo quilo do frango produzido pelos avicultores é de R$ 0,27, valor reajustado recentemente para R$ 0,2816. No entanto, como explica o presidente da Cadec, Diener Gonçalves de Santana, este valor mal cobre os custos de produção das aves. Com baixa rentabilidade, explica o representante da classe, muitos avicultores, principalmente aqueles que têm os aviários como única atividade financeira, estão se endividando ou não estão conseguindo honrar compromissos, inclusive aqueles feitos com os bancos para modernizar suas granjas.

O resultado de tudo isso, são produtores desestimulados com o negócio e dispostos até a parar suas atividades a verem seu prejuízo aumentar a cada mês.

Conforme Santana, se levar em conta que cada ave atinge seu peso ideal aos 3.350 quilos e que a empresa paga por essa mesma ave R$ 0,94, o avicultor está tendo um lucro com seu aviário de R$ 0,04 por frango produzido e entregue, uma vez que o custo de produção é de R$ 0,90 por ave. No entanto, nessa conta não entram os juros e encargos dos financiamentos contraídos com instituições bancárias para modernizar, reformar ou adequar os aviários.

Além disso, os avicultores justificam que a prática desses valores nada tem a ver com o mercado, uma vez que outras empresas e cooperativas oferecem preços bem mais atraentes a seus integrados. Na média, explica Santana, se os valores fossem corrigidos pela inflação, hoje o valor do quilo da carne seria de R$ 0,34, valor este suficiente para tirar os avicultores das dificuldades financeiras.

Diener Santana diz que os produtores já tentaram negociar uma saída consensual com a Avenorte, mas a empresa é irredutível e não está disposta a mexer no valor. Uma das alegações da empresa, diz Santana, é que está sendo afetada pela crise causada pela Covid-19, porém sua capacidade de alojamento e abate teve uma redução de apenas 10%, devido a um acordo entre as integradoras da região. Sem saída e vendo sua situação cada vez mais indefinida, os avicultores consideram até a possibilidade de cessar o recebimento das aves, até que abra e finalize a negociação.

“A gente vai fazer de tudo para negociar. Mas se não tiver outra saída, a solução é parar de receber as aves, decisão essa votada e aprovada em reunião da Cadec”, informa Santana.

Segundo o representante dos avicultores, o protesto deste sábado é uma tentativa de chamar a atenção da empresa e das autoridades locais para o problema que aflige os integrados e suas famílias. Santana lembra que a manifestação será pacífica, ordeira e não haverá aglomeração de pessoas. “Não será permitido descer dos veículos, muito menos formar grupos. Será uma carreata que começa no Sindicato Rural e termina na frente da Avenorte. De lá, todos seguem para as suas casas”, detalhou o presidente da Cadec. 

Outro lado

A reportagem tentou nesta sexta-feira, 24, durante o dia todo falar com os diretores da Avenorte para comentar as declarações do presidente da Cadec e Aavic, mas durante todas as tentativas os responsáveis ou estavam em reunião ou fora da empresa. Até o fechamento desta edição nenhum deles também havia respondido as mensagens enviadas para seus telefones ou retornado as ligações feitas para seus celulares.