João Batista Mafra

A sua ida deixou uma dor que não passa!

A mais dolorosa constatação de nossa existência é a partida para sempre de um ser humano que amamos e respeitamos. JOÃO BATISTA MAFRA foi um cidadão que chegou junto com a cidade de Cianorte e aqui permaneceu até seus bem vividos 92 anos. Cianorte, em 1.955 foi declarada Município, desligando-se de Peabiru e João Mafra como era conhecido já estava por aqui. Veio de Maringá, onde morou por dois anos, mas, foi nascido em Minas Gerais, em 24 de Junho de 1.930, no Dia de São João, daí seu nome, na cidade de Guaranésia. Era filho de João Magalhães Mafra e Aurora Rodrigues Mafra. Foi um mineiro apaixonado por sua terra, mas, que tomou Cianorte como se fosse sua cidade natal.

A Companhia Melhoramentos Norte do Paraná que colonizou a região do norte do Paraná, instalou-se aqui para gerenciar a venda de terrenos rurais e urbanos, que lhe pertenciam,como
colonizadora desta imensa área nativa. João Mafra fazia parte do grupo de funcionários pioneiros e com ela, alí na Rua da Constituição, instalou-se, impulsionando o progresso da cidade que nascia no meio da imensa selva. O “seu” João, funcionário de confiança da empresa assumiu a Chefia do Escritório de Vendas de Terrenos. Bem me lembro, quando ainda jovem, solteira, estudante, eu o via passar em frente a minha casa, indo e vindo, pois, eu morava em frente do prédio da Companhia, na mesma rua. Andando devagar, como era de costume, sempre a pé e logo ali, na Rua Ipiranga ele descia para sua casa. Morou por décadas nesta rua com sua esposa e filhos. Mal sabia eu, que no futuro, já casada, ele e sua esposa seriam padrinhos de batismo da minha primeira filha Ana Luiza. Meu amado compadre!

João Batista Mafra não veio sozinho para Cianorte, pois, em 1.955 já era casado com Maria Eglê Polito Mafra, valorosa professora, também pioneira e que junto ao primeiro prefeito
municipal exerceu o cargo de Primeira Secretária Municipal da Educação.

Quem conheceu o “seu” João Mafra de perto sabe como ele era tranquilo, falava pouco e sempre num tom baixo, educado, incapaz de fazer um desafeto a quem quer que fosse. Um homem simples, silencioso, educado, empreendedor, que construiu seu capital em cima de um trabalho dedicado e honesto. Embora não fosse de temperamento sanguíneo, João Mafra teve uma participação social importante na história de Cianorte, ele estava presente na constituição da primeira Diretoria do Cianorte Clube, e quando na terceira gestão assumiu a Presidência Dr. Paulo de Moraes Barros, sem nenhuma dúvida o convidou para ser Tesoureiro! Participou com jeito calmo e tranquilo de quase todas as diretorias eleitas no clube. Viu de perto a eleição do
primeiro prefeito e da primeira Câmara Municipal. Ele estava aqui quando a primeira lâmpada pública foi ligada nas avenidas e ruas da cidade, ele estava aqui quando a água potável começou a jorrar das torneiras, ele estava aqui quando se deleitava com as notícias do alto falante da Praça 26 de Julho. Ele estava aqui quando o primeiro asfalto foi derramado em nossas ruas principais, ele estava aqui quando apareceram as primeiras indústrias de nossa cidade.

Gostava de festas, principalmente, aquelas onde os amigos estavam reunidos, desfrutando da alegria de estarem juntos. João Mafra, cristão, participou dos primeiros momentos da Maçonaria, era assíduo frequentador dos bailes saudosos com Francisco Petrônio, Os Demônios da Garoa, Orquestra de Sevilha, Peri Ribeiro, Elizabete Savala, Moacir Franco e outros conjuntos musicais que vinham de longe, amassando a areia para divertir os primeiros cianortenses. Tempos bons! Amigo dos amigos de coração, mas, também amigo das nossas crianças, nossos filhos ainda tão pequenos, quando se vestia de Papai Noel e aquele velhinho (tão novo ainda) vinha distribuir presentes nas nossas reuniões felizes de Natal! Suas vestes vermelhas alegravam as festas e a imaginação de nossas crianças!

Aqui criou e educou suas crianças: Tânia Maria Mafra Fernandes, casada com Vanderlei Fernandes e Carlos Henrique Mafra, casado com Sílvia Mafra, que lhe deram netos maravilhosos: Gustavo, Kamila, Natália e João Henrique. E se não bastasse, João Mafra
ainda teve a alegria em vida de contemplar e tomar nos braços seus bisnetos: João Gustavo, Maria Vitória, José Alfredo e Havenna.

Sem dúvida, Deus concedeu ao João Batista Mafra a graça de ter uma vida longa, cercado por uma família admirável, com ajuda inestimável de sua esposa exemplar D. Maria Mafra como é conhecida. Seus amigos fiéis também fizeram parte da construção de sua vida e hoje, sentem no peito a dor de perdê-lo. “Seu” João se foi de nossa presença, mas o legado de bom amigo, bom esposo, bom pai, bom avô e bom bisavô jamais será levado de nossa lembrança!

“Do lado esquerdo carrego meus mortos. Por isso caminho um pouco de banda.” (Carlos Drummond de Andrade)

Izaura Aparecida Tomaroli Varella
Pioneira e Comadre do “seu” João!