Nenhum grau a mais
Marcio Nunes
A ciência atesta que o aumento de 2°C na temperatura global pode trazer impactos generalizados e severos para as pessoas e a natureza. Um terço da população mundial seria regularmente exposta ao calor intenso, intensificando problemas de saúde, como o aumento de mortes relacionadas ao calor, e problemas sociais, com mais vítimas de eventos climáticos extremos e deslocamento populacional de áreas que se tornariam inabitáveis.
Os impactos na biodiversidade também seriam devastadores: calcula-se que quase todas as colônias de recifes de coral de água quente seriam destruídas.
O derretimento da calota de gelo do mar Ártico afetaria a vida selvagem e as comunidades do seu entorno. Da mesma forma, a perda irreversível de mantos de gelo na Groenlândia e na Antártica aumentaria o nível do mar em muitos metros, colocando em risco boa parte da população mundial que vive em cidades costeiras, bem como o total desaparecimento de ilhas e cidades.
Se o aumento se restringir a 1,5°C, os impactos ainda seriam graves, mas bem menos severos. Seriam menores os riscos de escassez de alimentos e água, para o crescimento econômico e seria menor o número de espécies em risco de extinção. Ameaças à saúde humana por causa da poluição do ar, doenças, desnutrição e exposição ao calor extremo também seriam muito menores.
Cada fração de grau de aquecimento é importante e por isso o empenho em
manter a perspectiva de que o aquecimento se restrinja a no máximo 1,5°C.
Por isso, a conferência climática COP26, que começou nesta segunda-feira em Glasgow (Escócia), é uma grande chance de se limitar o aquecimento global a +1,5ºC, o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris (documento resultante da COP21, em 2015).
No encontro do G-20 da semana passada, os líderes das vinte maiores economias do mundo reafirmaram a intenção de limitar aquecimento global a 1,5°C, mas não especificaram, porém, prazos para neutralidade de carbono e abandono do uso do carvão.
Por isso esperamos que, ao final da COP, no dia 12 de novembro, compromissos mais concretos sejam anunciados.
No Paraná, além de estarmos entre os signatários do Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) dentro da Agenda 2030, assinamos recentemente com a ONU a adesão aos programas Race to Zero – campanha global em favor da mudança para uma economia descarbonizada, saudável e resiliente, com o objetivo de zerar as emissões líquidas de carbono até 2050 – e Race to Resilience, que tem o propósito de fortalecer as ações de mitigação do aquecimento global especialmente voltadas para as comunidades mais vulneráveis às mudanças climáticas.
Isso sem falar dos esforços dentro dos programas do Governo do Estado – como o Paraná Mais Verde, que já plantou 5 milhões de mudas de árvores nativas em dois anos; o Paraná Energia Sustentável, que desburocratiza o licenciamento de empreendimentos que geram energia com baixa emissão de Gases de Efeito Estufa, tendo menor impacto ambiental; os Parques Urbanos, que restaura áreas de fundo de vale ou áreas com ações erosivas, preservando a água e o solo; o Lixo 5.0; o Água no Campo e tantos outros.
Na próxima semana, vamos falar mais sobre eles e seus resultados.
Até lá!