Tomando decisões valiosas

É chegada a hora de me desfazer de meus sonhos pequenos, eis que pequenos são os resultados. Descarto enfiar-me entre as folhas, inocente, e esperar que o Sol venha buscar as flores. Quero ser uma explosão de manacás no começo da estação invernosa e deslumbrar os olhares com minhas cores reluzentes e escandalosas no brilho de toda manhã! Nem quero mais me aconchegar no edredom macio, porque o frio não mais me sustenta, o calor me acolhe e me lança ao rumo da claridade da vida.

Enterro minhas lembranças ásperas na pele na nova estação que avança! Passadas sete décadas ainda brilha nos meus olhos a expectativa de ser eterna. Pretensão? Arrogância? Desafio? Sim!
Eu desafio o tempo para conter as lágrimas que sempre fluíram ao lado do amado, na distância dos filhos, netos e família que o tempo lhes brindou.
Desafio sim, quem queira pensar que um dia tudo se findará, consequência da materialidade da existência, para mi, curta demais, eis que quando se está plena das dores, alegria, experiências, ávida flui definitivamente, pelos meandros do “nunca mais”, do “para sempre”.

Desafio que a ternura que cultivo em minh’alma se acabe. No passar dos séculos serei mais uma no calendário dos que se foram, mas a ternura circundará meus descendentes e os acompanhará.
Afinal não cheguei até aqui para ser mais um dia no calendário e nunca mudar de estação. A estação invernosa e fria não me alcançará, eis que me recuso caminhar procurando meus próprios rastros, que se foram e já feneceram. Aquele sol da alvorada me sustenta
e me ilumina!

Afinal não cheguei até aqui para não deixar nada!
Meu espírito vai pairar para sempre sobre os campos de azaleias, sobre as
jabuticabeiras e sobre as ramagens dos manacás para sempre!

Izaura A. T. Varella
Poetisa de vez em quando…