Em carta, governadores do Sul e Sudeste pedem revisão da Reforma Tributária
ADI-PR
A possibilidade de uma nova prorrogação dos benefícios fiscais para indústrias das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste dentro do texto da Reforma Tributária foi criticada pelos governadores do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Em uma carta conjunta endereçada às bancadas federais, os mandatários dos seis estados pediram a revisão do dispositivo, que segundo eles causa uma concorrência desleal entre as regiões brasileiras.
Os mandatários sugerem a supressão completa do artigo 19 da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45, e propõem que o tema seja discutido de forma separada. O dispositivo foi inserido nos últimos minutos de discussão do texto da Reforma Tributária no Senado, como uma espécie de Jabuti, sem relação direta com o tema.
Na prática, a manutenção deste artigo renovaria os benefícios fiscais para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que estão vigentes desde a década de 1990 (Lei nº 9.440/1997 e Lei nº 9.826/1999) e que, após sucessivas prorrogações, estão previstas para acabar em 2025.
Os governadores lembram que o próprio Tribunal de Contas da União (TCU) já reconheceu que as medidas não têm cumprido com eficiência o objetivo de promover o desenvolvimento socioeconômico regional, ao mesmo tempo que geram um impacto negativo significativo nos valores destinados aos Fundos de Participação dos Estados e Municípios.
Para além do aspecto econômico, com a criação de dificuldades para a instalação de indústrias nas regiões Sul e Sudeste, os chefes dos poderes executivos apontam que a aprovação da Reforma Tributária com este artigo tem efeito prejudicial para o desenvolvimento sustentável, prejudicando a imagem do Brasil em nível internacional.
Isso porque entre as indústrias beneficiadas estão aquelas que fabricam veículos leves e pesados movidos à combustão nas três regiões beneficiadas. Enquanto isso, empresas do Sul e Sudeste focadas em carros, caminhões e ônibus elétricos ou híbridos, menos poluentes, não recebem qualquer tipo de incentivo fiscal.
“Em prol da sustentabilidade e do desenvolvimento igualitário recomendamos a supressão de todo o Artigo 19 do texto da PEC45, para que, em momento adequado possa ser discutido um benefício para todos aqueles que fizerem investimentos em novas tecnologias de propulsão sejam contemplados, de forma isonômica e sem privilégios”, defendem os governadores.
“No Brasil, temos parques industriais de primeiro mundo, mão de obra e engenharia qualificadas, e centros de desenvolvimento e design avançados. Temos condições de fortalecer nossa histórica vocação industrial com um olhar estratégico para um futuro sustentável, em prol das metas assumidas do Acordo de Paris”, conclui a carta.