Comerciantes apontam festas e reuniões como as vilãs da propagação do vírus
Após o decreto assinado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, como medida de enfrentamento à pandemia de coronavírus, diversas cidades das sete regiões que devem entrar em quarentena, não deram sequência ao fechamento das atividades não essenciais. Em Cianorte, a prefeitura do município não se manifestou e manteve o comércio aberto no primeiro dia das medidas determinadas pelo Estado. Comerciantes da região são contra o fechamento do comércio e apontam as festas, churrascos e reuniões como os principais propagadores da doença.
Para o gerente da loja Gabriela Calçados, Rodrigo Pereira, o problema não está no comércio. “Se analisarmos, não têm casos confirmados no comércio. O problema está em festinhas, pessoal faz churrasco, se reúne. O trabalho dos comerciantes não é o responsável”, afirmou.
De acordo com o gerente, o fechamento do comércio vai apenas prejudicar, como no primeiro fechamento do varejo, feito entre os dias 23 de março ao dia 7 de abril. “Perdemos cerca de uns 60% no último mês que ficou fechado. E as contas chegam. Mesmo fechado eu tenho despesas pra pagar no fim do mês”, reforçou.
“Quando fechou a primeira vez, foi precipitado. O povo achou que estava de férias, não teve serventia. Prejudicou ainda mais o comércio que estava começando a respirar”, explicou.
Segundo Pereira, o ano político também “colabora” com a propagação do vírus. “Poderia ter mais gente fiscalizando, mas acredito que eles ficam com receio por ser ano político e acabam pensando que podem perder votos”, esclareceu.
Conforme a vendedora da mesma loja, Katia de Souza, com o varejo fechado a população não vai respeitar a quarentena. “As pessoas vão andar na rua, mercado, farmácia. Acharão que estão de férias, vão à casa de parentes”, disse a vendedora. “Essa solução depende mais de cada um. Deviam ter um ‘desconfiômetro’ e ficar em casa e se cuidar”, acrescentou.
Para a vendedora da loja de vestuário Preço Baixo, Ana Maria Ramos, o comércio deve continuar aberto. “Acho que não deve fechar. Ninguém vai ficar em casa, vai fechar para quê? Apenas para prejudicar a gente”, afirmou.
Segundo Ana Maria, a solução só virá quando uma vacina estiver disponível. “Prefiro que continue dessa maneira, pois a pandemia vai continuar enquanto não tivermos vacina. A única solução é essa. O pessoal não vai ficar trancado em casa, vai ao vizinho, fazer churrasco clandestino, e tudo vai continuar do mesmo jeito”, disse. A vendedora ainda reforçou que com o fechamento as pessoas irão “achar que estão em férias”.
De acordo com a funcionária da loja, Mariana Bonfim, caso o comércio feche muitas pessoas ficarão sem emprego. “Cianorte não tem uma grande estrutura para aguentar isso. O que irá se manter serão lojas maiores, as pequenas não irão sustentar a situação”, alertou.
Segundo a gerente da loja de acessórios e bijuterias Mini Preço, Alessandra Zechi, o fechamento do varejo causará muitos custos. “É muita despesa manter uma loja no centro, tem aluguel, funcionários, mercadorias, água, luz”, ressaltou.
Conforme Alessandra, no primeiro fechamento do comércio o estabelecimento demorou em se reestabelecer. “Quando voltamos até o pessoal voltar pra rua e comprar, tivemos prejuízos. Ficamos, praticamente, um mês parados. Pessoal teve muito medo de sair”, contou.
Para a gerente, as vendas continuam muito baixas desde então. “Não chega perto do que vendíamos. Nós vendemos coisas supérfluas, usadas mais para sair de casa, então nossos clientes não têm comprado os acessórios”, afirmou.
Como forma de driblar a situação, a loja busca trazer mais novidades e tendências. “Tentamos atrair o pessoal, mas agora temos em menor quantidade, pela dificuldade de compra. Dificultou tanto pra nós, quanto para quem revende para a nossa loja”, concluiu.
Segundo o vendedor, Victor Hugo Vieira, o varejo não deveria fechar, pois não apresenta perigo. “Os comércios não têm aglomerações. Os casos que são positivados não estão ocorrendo no comércio, pelo o que temos visto”, reforçou.
“Talvez intensificar a fiscalização na rua ou no próprio comércio para verificar se estão cumprindo com as normas impostas seja uma opção melhor”, afirmou o vendedor.
De acordo com Vieira, os casos não irão reduzir devido ao fechamento. “No meu ponto de visto, isso só vai intensificar a aglomeração com amigos e, assim, piorar a situação”, disse.
Para a consumidora e psicoterapeuta, Elizete Magon, o fechamento do comércio não seria necessário se as pessoas se conscientizassem. “Na minha opinião, acho que se as pessoas se conscientizarem e se cuidarem não precisa fechar o comércio. Penso no povo, sem seus empregos, sem ter com que pagar suas contas”, afirmou.
Segundo Elizete, é preciso que a população compreenda que é importante sair de casa apenas em casos de extrema importância. “Por isso tem que sair só o necessário. Nada de festas por enquanto”, finalizou.
Para a consumidora e cirurgiã dentista, B.C.B, o problema com relação à propagação do vírus coronavírus está nas pessoas que não tem empatia e respeito pelo próximo. “Se as pessoas seguissem todas as recomendações, fizessem só o necessário, durante as comprar, usassem máscaras, se preocupassem com a higienização, se cuidassem. Mas parece que todo mundo esqueceu do coronavírus nas últimas semanas. Parece que nunca teve, passam de bar em bar, fazem festa entre amigos e deu no que deu”, afirmou.
De acordo com a consumidora, ela sabe de pessoas contaminadas que furam o isolamento social e colocam outras pessoas em risco. “Algumas pessoas não estão nem aí, continuam convivendo com familiares e amigos e não tem responsabilidade nenhuma a respeito disso”, alertou.
“O comércio vai ter que pagar por conta dessas pessoas que não tem um pingo de empatia pelo próximo, talvez seja a solução para ver se conseguem manter as pessoas dentro de casa”, acrescentou.
De acordo com B., é preciso pensar nas consequências que o fechamento do comércio trará a população. “Quantos irão perder o emprego ou fechar os seus estabelecimentos. É tudo muito difícil, mas talvez seja a solução, para ver se isso para. Por que até quando teremos o coronavírus? Está todo mundo cansado”, finalizou.
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