Covid-19 já aparece como a segunda principal causa de morte no Paraná
A Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), já se tornou a segunda principal causa de morte no Paraná. É o que mostra uma comparação feita com base em dados do portal da Transparência da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil) e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
No mês de maio deste ano, por exemplo, a Arpen registrou 360 mortes com suspeita ou com confirmação de Covid-19. Por dia, então, há a média de 11,61 óbitos decorrentes de infecção ou de possível infecção pelo novo coronavírus.
Por outro lado, os dados do Ministério da Saúde mostram que entre 2014 e 2018, pegando também os dados do mês de maio, o estado teve uma média de 203,3 mortes diárias. Considerando os grupos de enfermidades que fazem parte da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), apenas “neoplasias malignas” (38,84 mortes diárias), “doenças isquêmicas do coração” (18,14), “doenças cerebrovasculares” (17,92), “acidentes” (12,68) e “influenza (gripe) e outras pneumonias” (11,7) apresentam números mais elevados.
Importante notar que os grupos da CID-10 englobam mais de um tipo doença, ao passo que a Covid-19 é uma doença específica, causada por um determinado vírus (SARS-CoV-2). Falando mais tecnicamente, dentro de um “grupo” temos diversas “categorias” diferentes de doenças.
No grupo “influenza (gripe) e outras pneumonias”, por exemplo, temos diversos tipos diferentes de gripe, como a Influenza A (H1N1), que entre 2014 e 2018 foi o tipo de gripe mais mortal, com uma média de 0,4 óbitos por dia. Além disso, o grupo “influenza (gripe) e outras pneumonias” engloba também as pneumonias, que por sua vez se dividem em seis categorias diferentes e mataram, diariamente, uma média de 11,09 pessoas.
Já no grupo “acidentes” temos categorias como acidentes de transporte, que fizeram 7,55 vítimas/dia, e “outras causas externas de traumatismos acidentais”, que inclui quedas, afogamentos e ocorrências envolvendo animais e plantas venenosas, entre outros com 5,13 registros.
Dessa forma, se fossemos pegar as categorias de doenças listadas pela CID-10, teríamos que a Covid-19 já é, possivelmente, a segunda doença mais mortal do Paraná, atrás apenas do infarto agudo do miocárdio, com 14,62 (faz parte do grupo “doenças isquêmicas do coração”).
O “possivelmente” se deve a alguns fatores: os dados do Ministério da Saúde e da Arpen são de anos diferentes, até porque as informações mais recentes do SIM são de 2018. Já os dados da Arpen Brasil trazem tanto registros com confirmação de que a Covid-19 foi confirmada como causa de morte como os casos suspeitos, ou seja, aguardando confirmação laboratorial. Por outro lado, os dados do portal da Transparência são ainda parciais, tendo em vista que os cartórios têm 12 dias para incluírem os números e as informações no sistema.
Número de óbitos dobrou em maio, diz a Arpen
Os dados do portal da Transparência da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil) mostram que no mês de maio o número de mortes com suspeita ou confirmação de Covid-19 mais que dobraram no Paraná na comparação com abril, passando de 174 para 360 – um aumento de 106,9%, portanto. Com isso, a média diária de óbitos possivelmente causados pelo novo coronavírus também subiu, de 5,8 para 11,61.
Chama a atenção, contudo, a diferença entre os dados da Arpen e os números divulgados no boletim diário da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa-PR). Os dados do governo local, por exemplo, mostram um total de 93 mortes em maio e outras 83 em junho.
Uma explicação para a diferença é que nas declarações de óbito a Covid-19 pode constar como causa da morte mesmo se for uma suspeita, ou seja, sem ainda contar com uma confirmação de exames de laboratório. Se houver alguma menção a outra doença, como pneumonia ou insuficiência respiratória, a morte nã constará no portal da Arpen como sendo pelo novo coronavírus.
No Paraná, entretanto, a diferença entre os números da Arpen e os números divulgados pela Sesa é a maioria entre todas as unidades da federação. Segundo a Secretaria, isso acontece porque, nos cartórios, há “casos em que consta a doença [covid-19] na certidão de óbito do paciente mesmo que seja só suspeito ou com sintomas”, “ou seja, não é baseado em análise laboratorial”.
Paraná confirma 556 casos e onze mortes no fim de semana; sete na Grande Curitiba
A Secretaria de Estado da Saúde confirmou no fim de semana (sábado e domingo) 556 novos casos e onze mortes por Covid-19 no Paraná, sendo que sete delas foram registradas em Curitiba e região. O acumulado de casos é de 6.897 e 237 mortos em decorrência da doença.
Os cinco homens que tiveram as mortes confirmadas ontem estavam internados. Um deles, de 49 anos, residia em Fernandes Pinheiro e faleceu na quinta-feira (4). Outros três moravam em Curitiba e morreram sexta-feira (5), dois tinham 87 anos e um deles 77. O outro homem que foi a óbito era residente de São José dos Pinhais, 59 anos, faleceu neste domingo (7).
Os seis pacientes que tiveram as mortes confirmadas no sábado (6) estavam internados. São cinco homens e uma mulher.
Na quinta-feira (4), foram a óbito dois homens, um de 72 anos que morava em Alvorada do Sul e outro de 84 que residia em Londrina e uma mulher, de 37 anos que era moradora de Assis Chateaubriand. Na sexta-feira (5) faleceu um homem de 62 que residia em São José dos Pinhais. E sábado (6) dois homens foram a óbito: um de 83 que residia em São José dos Pinhais e outros, de 66, que era morador de Fazenda Rio Grande.
Municípios – 281 cidades paranaenses têm ao menos um caso confirmado pela Covid-19. Em 83 municípios há registro de óbitos pela doença.
Fora do Paraná
O monitoramento da Sesa registra 90 casos de residentes de fora. Sete pessoas foram a óbito. Sesa reforça que os municípios têm critérios diferentes de confirmação de casos e por isso pode ocorrer divergência de número de pacientes. A secretaria informa, ainda, que os dados são consolidados na gestão estadual, mas os municípios encaminham as informações para as regionais que repassam para o CIEVS na Sesa.