Saiba como é feito o exame para detectar o novo coronavírus no Paraná

Saber quem está ou não com a doença Covid-19 é fundamental para prestar o atendimento adequado ao paciente, dar segurança para os profissionais de saúde e demais pessoas internadas por outras razões e, ainda, saber quem deve fazer isolamento domiciliar. Cerca de 3 mil testes para detectar o novo coronavírus já foram realizados no Laboratório Central do Estado (Lacen-PR) – o laboratório referenciado pelo Ministério da Saúde no Paraná. O volume de exames ocorreu de 12 de março até esta sexta-feira (27).

O Lacen-PR é o responsável por exames que integram a rotina para a vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental no Paraná, para auxiliar a atuação da Epidemiologia e Controle de Doenças em todo o território paranaense.

Por isso, o laboratório está atuando de maneira intensiva neste período de pandemia. Os funcionários, entre bioquímicos, assistentes e estagiários, trabalham em escala para cobrir o expediente ampliado, entre 8 horas e 23 horas. Nos próximos dias, mais servidores iniciarão atividades para auxiliar nos exames.

Diariamente, o laboratório recebe amostras de exames de vírus variados, entre estes estão aquelas para identificar o coronavírus. Para fazer o exame as amostras passam por várias etapas desde que chegam no Lacen. A partir da entrada o resultado referente à Covid-19 sai em até 72 horas

Triagem

Nesta etapa acontecem as conferências de dados da amostra, verificação do cadastro do paciente no sistema que gerencia a atividade laboratorial e se o material está adequado para exame. “É um trabalho minucioso e que exige muita concentração. As pessoas que atuam aqui são cruciais para todo o trajeto correto da amostra. É necessário foco para não perder qualquer detalhe porque isso reflete em todo o fluxo pelo qual a amostra vai passar”, explica a diretora técnica do Lacen, Irina Riediger.

Após a verificação, as amostras são acondicionadas em recipientes adequados para circularem no ambiente laboratorial e etiquetadas com códigos internos do Lacen.

A segunda etapa é a entrada das amostras no laboratório especificamente: a extração do RNA. É o processo que seleciona o material que será examinado. São necessários diferentes procedimentos que envolvem colocação de reagente e agitação em cada amostra para que ela esteja preparada para a extração do RNA e colocada em uma bandeja de poços (com furinhos) uma quantidade mínima de amostra para o exame.

“A extração de RNA é separar o que precisamos de cada amostra para fazer os testes. Nós aqui temos máquinas que fazem isso com uma velocidade muito grande, mas em outros laboratórios é feito manualmente, o que resulta em muito tempo dedicado somente nessa etapa”, explica a diretora técnica.

Entre as 27 unidades federadas do País, apenas Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro (Fiocruz), Distrito Federal, Minas Gerais (Funed), Espírito Santo e Santa Catarina possuem esse tipo de equipamento.

“Podemos dizer que um técnico bem treinado levaria uma hora e 15 minutos para fazer a extração de 24 amostras. Aqui no Lacen nós fazemos a extração de 96 amostras em aproximadamente 2 horas e 30 minutos” explica Irina. “Mas além da agilidade, a segurança no que se refere à quantidade necessária de material para que a amostra esteja preparada para o exame é o que mais nos importa”.

A realização efetiva do exame ocorre na terceira etapa do processo dentro do Lacen – é a leitura do genoma da célula do vírus, chamado exame PCR em tempo real. Mas antes é preciso preparar o reagente para que as máquinas consigam fazer a ‘leitura’ no material.

O RNA extraído segue para outro equipamento que mistura uma quantidade muito pequena de amostra e o reagente específico para o vírus a ser testado. Na sequência, a bandeja com o preparo é colocada no equipamento que identifica, numa leitura bastante rápida, o que se apresenta naquela amostra por meio da análise pela biologia molecular, que está em líquido. A máquina, chamada termociclador, funciona com alteração de temperatura.

Todos os resultados são exibidos em um painel via sistema de informação. São gráficos com linhas em diferentes cores que indicam em quais amostras foram encontrados vírus, ou ‘cepas’ de vírus.

Os bioquímicos então avaliam resultado por resultado e validam via sistema. Só assim os laudos são assinados eletronicamente e liberados via Sistema Gal, e a informação é consultada pela unidade que solicitou o exame.

O secretário estadual da Saúde Beto Preto diz que o Lacen é fundamental para a todo o Estado. Ele destaca que a automatização de todo o processo reflete em ganho de tempo e segurança. “Por isso, trabalhamos com maior confiança nos resultados do Lacen. Temos equipamentos de ponta, gente trabalhando com o conhecimento atualizadíssimo e a boa vontade para fazer o seu melhor no trabalho. Entendemos que estamos trabalhando com vidas, com pessoas, não somente com vidros, dados e números.”

Pesquisa de vírus respiratórios

No caso de suspeita da Covid-19, cada uma das amostras é submetida a vários testes. Até 21 de março eram feitos testes de 20 vírus. Se o resultado fosse negativo para todos, na sequência era executado o exame para o novo coronavírus. Para otimizar o processo foi decidido restringir a quantidade de vírus na pesquisa, considerando os que estão em circulação no Paraná. Por isso, a partir desta quarta-feira (25), a pesquisa envolve os seis vírus que mais circulam, comparando dados e informações de anos anteriores, mais o teste para a identificação do novo coronavírus.

A Secretaria de Estado da Saúde já cadastrou quatro laboratórios privados para colaborar com o Lacen na validação dos testes de pessoas suspeitas de contrair o novo coronavírus (Covid-19): Genoprimer e Unimed, em Curitiba (PR); Sabin, em Brasília (DF); e Dasa, em São Paulo (SP).

Para obter a melhor amostra possível e chegar a resultados mais apurados, o Lacen fornece material para coleta aos outros laboratórios, de modo a padronizar os serviços.

Além de ser o laboratório referenciado pelo Ministério da Saúde no Paraná, o Lacen é também o responsável por exames para exames diferenciados de brucelose, varicela e estreptococo de amostras vindas do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O Lacen faz a pesquisa de vírus respiratórios para o trabalho de controle epidemiológico que monitora quais vírus estão circulando no Estado, por meio de unidades sentinelas. As unidades sentinelas funcionam geralmente junto às UPAS e cada uma colhe até cinco amostras semanais de pacientes que buscam atendimento com sintomas leves da doença. Já as unidades de vigilância de síndromes respiratórias agudas graves (SRAG), monitoram os pacientes hospitalizados, internados em UTIS, e coletam amostras de todos os casos internados por SRAG.