Coleta clandestina prejudica trabalho de associação de catadores de Cianorte

Assessoria

A ação de atravessadores no trabalho da coleta seletiva oficial em Cianorte está prejudicando profundamente o trabalho da Associação de Reciclagem de Cianorte (ARC), associação responsável pela triagem dos resíduos gerados na cidade. A entidade, que costumava receber três caminhões de material coletado por dia, agora está recebendo apenas um, que chega à organização somente no fim do dia, depois de rodar a cidade toda. Para piorar a situação, os resíduos que chegam às esteiras de triagem são aqueles com pouquíssimo valor agregado.

Diante desse cenário, em diversos dias os catadores da associação têm sido dispensados do trabalho, o que impacta no valor comercializado pela entidade e, consequentemente, míngua o rateio mensal entre os 17 associados. Além disso, a ARC tem despesas fixas, que também não estão sendo pagas. Com a renda comprometida, os associados – que já ganhavam menos de R$ 1 mil – não sabem como vão sobreviver nos próximos meses.

A coleta clandestina é um problema que ocorre em todo o país, sendo uma questão que envolve aspectos ambientais, políticos e sociais, que se agravaram ainda mais com a pandemia do novo Coronavirus. O número de catadores clandestinos vem crescendo desde o ano passado, quando a crise econômica e o desemprego deixaram muitos brasileiros sem nenhuma renda.

Para se ter uma ideia, em janeiro deste ano a ARC comercializou cerca de 50 toneladas. Já no mês de março as vendas despencaram para 17 toneladas. Em abril a situação piorou, e nesta semana a associação chegou a ficar com o pátio vazio, sem ter resíduos para triar. Na cidade existe até mesmo um caminhão que circula de forma clandestina fazendo a coleta dos recicláveis.

Vale lembrar que além do prejuízo financeiro, a ação dos atravessadores afeta o meio ambiente, pois na maioria das vezes, eles coletam apenas o material de maior valor agregado, descartando o restante em terrenos vazios e até mesmo na área rural. A inoperância de prefeituras, autoridades ligadas ao meio ambiente e Ministério Público na fiscalização e combate ao problema, agrava ainda mais a situação.

Para ajudar a coleta oficial do município, a sugestão, por ora, é entregar o material reciclável apenas para os catadores da coleta oficial. Isso exige um pouco mais de atenção e disponibilidade por parte dos moradores, mas já garante que haverá a destinação correta dos lixo separado nas casas e uma remuneração mais justa para os catadores organizados em associações ou cooperativas.