Noroeste busca diversificar produção local de fio de seda

Um grupo de 29 municípios no Noroeste do Paraná, localizados na bacia do Rio Pirapó, compõem o Vale da Seda, maior região produtora de fios de seda no Estado. Juntas, estas localidades produzem 26% de todo casulo de seda paranaense, fazendo da bacia do Pirapó a maior região ocidental produtora de casulos de bicho-da-seda.

Na série de reportagens que está apresentando os produtos feitos no Estado dentro do projeto Feito no Paraná vamos conhecer o trabalho de pesquisa e desenvolvimento para a produção do fio de seda. 

O empresário e pesquisador João Berdu está há quase 30 anos debruçado na questão da seda paranaense. Ele trabalha com pesquisas e busca formas de fazer com que as confecções locais utilizem o fio da seda em suas criações, trazendo maior valor agregado a seus produtos. Foi assim que ele criou o Vale da Seda em 2011, uma ONG sem fins lucrativos que trabalha pelo adensamento da cadeia da seda no Brasil. A empresa é uma das residentes na Incubadora Tecnológica de Maringá.

De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, o Paraná conta com 1.861 produtores de casulo de seda, em 165 municípios, que ocupam 3.900 hectares de plantação de amoreiras (que são alimentos para os bichos). São 2.535 toneladas produzidas anualmente, o que representa 83% de toda a seda produzida no país. A produção paranaense do produto somou R$ 47 milhões na safra 2018//2019.

A indústria de confecção no Brasil, em 2019, produziu algo em torno de US$ 48 bilhões em produtos, sendo que o Paraná corresponde a 8% deste valor. A maior parte das empresas que compõem o segmento são de pequeno ou médio porte.

“O principal objetivo do Vale da Seda na Incubadora Tecnológica de Maringá é incluir a seda na cadeia produtiva da confecção brasileira. No Paraná temos um pátio instalado muito moderno que pode facilmente utilizar o tecido da seda para agregar mais valor aos produtos feitos aqui”, afirma Berdu, que é presidente do Instituto Vale da Seda. 

Novo mercado

De acordo com ele, cerca de 70% do faturamento das 2.300 empresas de confecção do Paraná está relacionado ao jeans e estas empresas têm condições de ganhar o mercado internacional produzindo peças com seda, utilizando o maquinário que já possuem.

Em parceria com O Casulo Feliz e com a UEM, o Vale da Seda desenvolveu um jeans de seda. Berdu explica que o tecido foi feito para durar. O jeans de seda tem o dobro da durabilidade de um jeans comum e tem elasticidade quase duas vezes maior que a do algodão. A parte interna, que fica em contato com a pele, é feita com fio de seda. Já a externa é em algodão.

Hoje, cerca de 95% da produção brasileira de seda é exportada como fio de seda crua, com baixo valor agregado. “O Brasil é reconhecido internacionalmente como o produtor de fio da seda de melhor qualidade no mundo. O que estamos buscando é uma forma de juntar esta indústria da seda, que é muito competente até a fase de fiação, com a indústria de confecção. Para isso, estamos desenvolvendo artigos que tenham seda, que contribuam para a sustentabilidade, para a cadeia da seda e que possam ser utilizadas pelas empresas do Paraná”, acrescenta.

Para viabilizar a comercialização destes produtos, o Vale da Seda, em parceria com a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), está desenvolvendo um projeto para que as micro e pequenas confecções do Estado consigam exportar seus produtos feitos com jeans de seda, através de plataforma de exportação business to business. 

Feito no Paraná

Criado pelo Governo do Estado, o projeto busca dar mais visibilidade para a produção estadual. O objetivo é estimular a valorização e a compra de mercadorias paranaenses. O projeto foi elaborado pela Secretaria do Planejamento e Projetos Estruturantes e quer estimular a economia e a geração de renda. Empresas paranaenses interessadas em participar do programa podem se cadastrar pelo site www.feitonoparana.pr.gov.br. 

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