Paraná vê crise de energia e tem até reservatório com capacidade abaixo de 10%
Por Bem Paraná
A estiagem prolongada, que desde meados de 2019 atinge o Paraná, está fazendo com que o nível de água dos principais reservatórios de hidrelétricas no estado fiquem próximo de atingir o nível mínimo necessário para a geração de energia elétrica. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o volume útil de três dos seis principais reservatórios em território paranaense estão abaixo de 20%, num cenário que se torna ainda mais preocupante pelo fato de os reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que concentram 70% de toda a água armazenada no Brasil, também estarem com volume médio baixo (em 21,65%).
No principal rio paranaense, o Rio Iguaçu, por exemplo, o reservatório da Usina Hidrelétrica Governador Bento Munhoz da Rocha Netto, o maior de toda a região Sul, estava com volume de 9,08% na última quarta-feira, conforme informações do ONS. O dado corresponde à parcela de água do reservatório que pode efetivamente ser usada para a geração de energia.
Enquanto em agosto o reservatório localizado em Pinhão, na região central do Paraná, teve volume útil médio de 14,08%, em setembro está abaixo de 10%, o menor valor para o mês nas últimas duas décadas. Já em Salto Santiago, também na bacia Iguaçu e o segundo maior reservatório da região Sul, o volume útil, que chegou a ser de 62,55% em junho último, já se encontra em 28,08%.
A rápida redução no nível dos reservatórios foi registrada principalmente ao longo do último mês, quando o ONS determinou o aumento na geração de energia nas usinas do rio Iguaçu, o que obrigou as hidrelétricas a usarem a água estocada desde o começo do ano. Hoje, porém, essa determinação já nem poderia mais ser cumprida, caso persistisse, conforme a Companhia Paranaense de Energia (Copel).
“Os atuais níveis reduzidos de armazenamento e vazões não permitem elevada geração no Iguaçu. Gera-se o que for possível”, explicou a Companhia, em resposta a uma série de questionamentos encaminhados pelo Bem Paraná, classificando ainda a seca no estado como o fator preponderante para o cenário atual. “Estamos enfrentando a pior crise hídrica dos últimos 91 anos”.
Sem perspectiva de melhora
Ainda segundo a Copel, não há perspectiva de melhora no cenário hidrológico nos próximos meses. A previsão de precipitação para os próximos seis meses, inclusive, ainda são de chuva abaixo da média.
“Além disso, caso entre uma cheia inesperada, é possível que as hidrelétricas tenham a geração elevada para atender ao resto do sistema de forma que, em pouco tempo, se retorne a níveis reduzidos. Para que o cenário hidrológico retorne à normalidade, é necessário que todo o SIN [Sistema Interligado Nacional] melhore a condição de armazenamento.”
Necessidade de se racionalizar recursos e economizar energia
Em princípio, o cenário atual nos reservatórios de hidrelétrica impõe a necessidade de se racionalizar o uso dos recursos da maneira mais conhecida e amplamente divulgada: economizando energia. Por isso, a Copel encaminhou uma série de medidas simples que podem ser adotadas dentro de casa para contribuir, lembrando-se ainda que chuveiro e geladeira respondem pela maior parte do consumo de uma residência, merecendo, portanto, maior atenção.
Banhos curtos e com a temperatura ajustada ao mínimo necessário são essenciais para manter o consumo sob controle. Quanto à geladeira, evitar o abre-e-fecha desnecessário e aguardar os alimentos amornarem antes de guardá-los são atitudes que fazem a diferença na conta de luz. Também é importante verificar se a borracha da porta está garantindo uma boa vedação e, nos dias mais frios, ajustar o termostato do refrigerador, que não precisa ficar no nível mais alto.
“Outra dica acompanha gerações de paranaenses, tanto que já se tornou ditado popular: ‘luz que se apaga é luz que não se paga’. Ou seja, todo aparelho que estiver sem uso deve ser desligado para evitar o desperdício. Isso vale para televisão, computador, lâmpadas e outros equipamentos, que muitas vezes ficam esquecidos nos cômodos desocupados da casa”, ressalta a Copel.
Com crise, governo volta a cogitar horário de verão
Com o agravamento da crise hídrica, o risco de apagão e a pressão de alguns setores, o Ministério de Minas e Energia (MME) decidiu reavaliar o horário de verão, extinto pelo pelo presidente Jair Bolsonaro no primeiro ano de mandato. A pasta mantém a posição de que adiantar os relógios em uma hora têm contribuição limitada para economia de energia, mas mesmo assim pediu que Operador Nacional do Sistema (ONS) faça um novo estudo sobre o assunto.
Em nota, o MME afirmou que “tem estudado iniciativas que visam o deslocamento do consumo de energia elétrica dos horários de maior consumo para os de menor, de forma a otimizar o uso dos recursos energéticos disponíveis no Sistema Interligado Nacional (SIN)”.
Em julho, entidades do setor de turismo e de restaurantes também enviaram um documento ao presidente pedindo pelo retorno do horário de verão ainda em 2021. Os empresários acreditam que o horário de verão impacta positivamente nos negócios porque adiciona uma hora para receber turistas e clientes.
Volume útil atual dos reservatórios no Paraná
(dados do dia 15/09/2021)
Bacia Capivari
Gov. Parigot de Souza: 20,60%
Bacia Iguaçu
Salto Santiago: 28,08%
Santa Clara-PR: 28,61%
Segredo: 11,45%
Gov. Bento Munhoz: 9,08%
Bacia Paranapanema
Maua: 13,81%
Fonte: Energia Agora Reservatórios (EAR), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)